2 de outubro de 2016

Contos: O burro, o boi e o mercador

Há muito tempo havia um comerciante que possuía o dom de entender a linguagem dos animais, por ser muito rico ele possuía vários animais em suas terras, incluindo um burro e um boi.


Certo dia o boi foi visitar o burro e notou que o locar era muito limpo, tinha bastante comida, água e palha para o animal descansar, além disso o comerciante só montava no burro quando precisasse percorrer pequenas distancias com urgência.

Nesse dia o comerciante pode ouvir o boi se queixando para o burro:

"Você recebe refeições melhores do que as minhas, enquanto eu trabalho até a exaustão você repousa o dia inteiro, e se o mestre te monta, logo depois ele te trás de volta enquanto eu continuo a trabalhar no moinho"

"Ora, ao invés de reclamar faça o seguinte: Quando estiver saindo para trabalhar se jogue no chão e não levante nem mesmo se começarem a te bater, quando te levarem de volta para o estabulo, se recuse a comer, finja que está doente por alguns dias, assim você poderá descansar"

No dia seguinte quando o tratador foi buscar o boi, viu que o animal não havia comido e aparentava estar doente, o comerciante sabendo da conversa dos dois animais, disse para o tratador levar o burro no lugar do boi.

Depois de trabalhar o dia inteiro o burro voltou para o estabulo sendo recebido pelo boi que lhe agradeceu pela bondade, o burro porém estava arrependido de ter aconselhado o boi.

No dia seguinte aconteceu a mesma coisa, o boi se recusou a se levantar o o burro foi levado para trabalhar no moinho. No final do dia ele foi novamente recebido pelo boi com palavras de gratidão, mas dessa vez o burro não ficou calado.

"Realmente eu tinha uma vida muito boa antes de te ajudar, mas vou lhe dar mais um conselho, ouvi o mestre dizer que se você não se levantar amanhã, será sacrificado"

O boi agradeceu novamente e começou a comer a forragem na mesma hora. No dia seguinte quando o tratador entrou no estabulo o boi estava de pé dando vários pulos e balançado a cauda para mostrar que estava saudável.

Assistindo tal cena o comerciante começou a rir de toda a situação, porém a sua esposa se zangou acreditando que o homem estava rindo dela e exigiu que ele contasse o porquê de estar rindo tanto. O mercador tentou explicar à esposa que ele morreria se contasse a verdade, mas a esposa não quis dar ouvidos, então o mercador reuniu seus filhos e todos os seus amigos para se despedir.

Quando estava no jardim de sua casa ele pode ouvir o cachorro conversando com o galo:

"Não está triste de saber que o nosso mestre vai morrer?"

"Nosso mestre é muito burro, eu tenho cinquenta esposas e consigo viver tranquilamente agradando uma e repreendendo outra, ele tem apenas um e não sabe como lidar com ela"

"Como assim?" O cão perguntou

"Se ele quer que a sua esposa mude de ideia, então ele deveria espanca-lá com varas de amoreira até que ela se arrependa"

Ouvindo as palavras do galo, o mercador voltou para casa e chamou sua esposa no quarto, quando a mulher entrou o homem trancou a porta e começou a espanca-lá com varas de amoreira até que ela se arrependesse e pedisse perdão ao marido, desse modo o mercador não teve que revelar o seu segredo vivendo uma vida longa e próspera até o fim dos seus dias.

Esse conto foi usado pelo pai de Sherazade para tentar convencer sua filha a não se casar com o rei Chairar, pois ela poderia acabar como o burro da história, por se prejudicar tentando ajudar os outros, ou como a esposa do mercador por insistir em uma ideia tola que só ia trazer sofrimento para si mesma.

Fontes:
http://www.florijane.com/Antigo%20Site/mileumanoites.htm
http://queeaverdade.blogspot.com.br/2012/12/a-vaca-o-burro-e-minha-fe.html

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